quinta-feira, 2 de junho de 2011

Tudo que sei é que nada... sabem!

Poesia noturna, 
Sob a trêmula luz que se apaga,
querendo ouvir baixinho
os sussurros reveladores
de vozes incessantes, retumbantes,
ardentes no desejo de atenção.
Isso, atenção.

Cambada de carentes, no coração e no cérebro. Buscam a identificação, o que é natural; e procuram a centelha de semelhança. E se assemelham onde? Bem ali, no traço do qual todos deveriam prescindir. Criticam com a palavra dos mortos, dos desconhecidos mais populares, daqueles que possam conferir a patente mais alta no círculo dos proto-sabidos. Cultuando a dúvida não pela sua utilidade, mas pelo ar blasé, exalando aura de pretensão despretensiosa; quem questiona aparenta mais neurônios que quem responde. E se arrisca menos também.
Não sabem de nada que fuja às sessões de debate infrutíferas em busca da resposta para pergunta nenhuma, ou para o que não sabem perguntar. O discurso floreado é só labirinto do pensamento, sem substância, ornando com ouro a casa demolida. Sem substância. E sem substância seguem, pois vale o esforço. Que esforço? Ninguém vira Messi jogando futebol no videogame. A arte não é plataforma para comunicação frívola; a letra não salva o conceito. Não deve ser abusada, estuprada. Deitam-se com a arte para gozo próprio e lhe devolvem traumas. Inocuamente ferozes, esses meninos e meninas. Perderam os laços com os próprios cérebros e querem emendar às pressas, pois o desprovimento de poderes mais práticos exige uma auto-elevação alternativa.

A tática até serve de improviso — mas só de improviso. Não chega a José Saramago quem reedita Paulo Coelho.


Pietro Borghi

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