sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Nouveau, pas neuf!

Essa é uma resenha sob encomenda escrita em 2009 que acabou não sendo utilizada. Economizei no sal porque o autor oficial era mais bondoso; tive de assumir o personagem. Minha crítica sincera e reflexiva é que o livro — O Monge e o Executivo — seria ótimo para quando faltasse lenha num acampamento. Basta observar o gênero: auto-ajuda.

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Escrito por James C. Hunter, consultor e palestrante na área de RH e treinamento (aquele tipo conhecido como “coaching”), O Monge e o Executivo figura entre os livros de fácil compreensão e um bom tempero motivacional. John Daily, o protagonista e companheiro de aprendizado durante o livro, conta-nos sua história de típico homem de negócios bem-sucedido, com um bom salário, um cargo de gerência em uma fábrica de vidro plano, uma linda e carinhosa esposa, dois filhos, dois carros novos, bons passeios de férias, enfim, tudo que se idealiza como uma vida agradável nos tempos modernos.

Sua situação gloriosa, no entanto, reverte-se (ou melhor, revela-se) surpreendentemente em todos os aspectos: seu filho mais velho se rebela, os quinhentos funcionários da fábrica sob sua gerência fazem o mesmo exigindo mais direitos, sua esposa não se sente satisfeita e até os jogadores do time de beisebol que ele dirige como voluntário não aprovam seu trabalho. O que fazer diante deste colapso? John Daily aceita a contragosto a sugestão de sua mulher de fazer um retiro num mosteiro de Michigan, onde muitos em situações similares se recolhem para repensar suas vidas. O administrador só se sente animado com uma informação: um quase lendário homem de negócios que havia desaparecido há algum tempo ministrava um curso de liderança no local.

Naturalmente o interesse de John reside na oportunidade de aprender com Len Hoffman, o referido professor, rebatizado como Simeão no mosteiro. O aprendizado, em grupo, apresenta conceitos para uma liderança mais eficiente em todas as áreas da vida, condensados em uma idéia básica: para liderar é necessário servir.

Servir significa suprir as necessidades dos liderados, oferecer-lhes condições agradáveis para executar seus trabalhos. Esta idéia traz maior responsabilidade aos gerentes, e apesar de não ser tão obscura, continua sendo amplamente ignorada em nosso mundo de negócios.

Ao final da semana de aprendizado, John reformula sua maneira de tratar seus relacionamentos — como havia dito Simeão, o ponto principal de qualquer área da vida —, agradecendo seu professor e seus colegas de curso, voltando para sua linda mulher e filhos e, é claro, para uma nova vida.

O livro de Hunter em geral trabalha com estereótipos e apresenta as ideias de maneira bem fácil, talvez leviana, um elemento característico do gênero auto-ajuda e/ou popular. Não que seja uma exigência o rigor acadêmico — como já disse Malcolm Gladwell, o leitor comum não quer ser convencido, e sim cativado —, mas diversas vezes incomoda a falta de desenvolvimento deste ou daquele conceito, recorrendo somente à autoridade do senso comum. O Monge e o Executivo, em suma, conta o que todo líder natural reconhece como a Regra de Ouro: trate como gostaria de ser tratado. Esperemos que os que são apenas gerentes aprendam.



Informações do livro:
Nome: O Monge e o Executivo (The Servant no original)
Autor: James C. Hunter
Editora: Sextante (Rio de Janeiro)
Gênero: Liderança
Ano: 2004 (edição brasileira), 1998 (edição original em inglês)
Tradutora: Maria da Conceição Fornos de Magalhães

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Note a desmotivação em escrever; como as sentenças se arrastam ou se atropelam, são escritas de maneira forçosa em alguns pontos e apressada em outros. Difícil fingir cordialidade com algo que eu desprezo tanto. Mas pelo menos valeu um post, uai!


Pietro Borghi