segunda-feira, 6 de junho de 2011

O Papel do Pfsô

Escrevi esse texto há uns 5 anos, mas até que não está ruim. E, muito infelizmente, não está defasado. There you go!
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Durante muito tempo os profissionais da educação, cientistas da educação e etc. vêm discutindo “o papel do professor”, “como lidar com alunos assim, com alunos assado, cozido, frito”, “metodologias de ensino para os professores”, “atualização de professores”, “a evolução da escola” e blá-blá-blá. Tudo isso é uma miserável, terrível, incomensurável perda de tempo. Os professores não são o mais importante. Devem parar com essa megalomania de que estão mostrando a luz aos alunos, de que são “o caminho, a verdade e a vida” para os pobres coitados que ainda não são gente. Os alunos não são ratos de laboratório, para testar se os professores são bons ou não. O aluno deve usufruir a escola, e não a escola usar o aluno para conseguir fama e verba dos fundos de educação. Pensam vaidosamente nos alunos como um mero monte de barro que precisa ser moldado para ficar belo e lustroso, aumentando seu preço de venda para o mercado de trabalho — o qual deveria chamar-se mercado de trabalhadores, uma nova forma de escravidão.
Pois infelizmente, como uns punhados de barro são vistos os “estudantes”, que, ironicamente, graças à escola, detestam o estudo. São bem moldados no ensino fundamental e médio para assim garantir o selo de qualidade de uma Unicamp, de uma USP, ou de algum órgão certificado para avaliar os potes de barro. Os pouco promissores, um tanto defeituosos, que sigam seu caminho para um curso técnico ou para uma universidade classe B. Serão os excelentes serviçais das “grandes pessoas” formadas nas grandes universidades.
Se os professores realmente quisessem mudar algo, começariam por eles mesmos. Eu posso ajudar, escrevendo os princípios para um manual do professor, que não deveria se estender muito, ou já começarão a elaborar teorias incompreensíveis e alienadas a partir de regras suficientemente claras. Pois aqui vai:
1. Jamais tratar o aluno como inferior;
2. Jamais se negar a sanar uma dúvida do aluno (a não ser que não saiba a resposta);
3. No caso acima, se não souber a resposta, não invente. Admita que não sabe e ajude o aluno a encontrar a solução;
4. Deixe bem claro que você está à inteira disposição do aluno, assim ele não temerá pedir ajuda e a ser humilde (não confunda com modéstia!).
5. Se não pode ajudar, não atrapalhe. Se o item 4 for cumprido, não há necessidade de ficar se oferecendo ou de dizer ao aluno como se deve fazer.

Em resumo, o professor é o auxiliar do aluno, não a mula teimosa que o carrega nas costas pra onde ela quer. E ser auxiliar não dói, ao contrário de ser mula, pois carregar mais de trinta alunos nas costas, ainda por cima na direção para a qual ninguém quer ir, com certeza causará um terrível problema de coluna.


Pietro Borghi

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