A modéstia consiste na ausência de sentimentos de superioridade por realizações próprias.
Modesto é todo aquele que pratica a modéstia.
Segundo o senso popular, a modéstia é uma virtude.
Virtude representa um grupo de características de espírito superiores, pelas quais o indivíduo demonstra maior valor moral.
Elementos:
m = modéstia;
A = um indivíduo modesto qualquer;
B = um indivíduo qualquer diferente de A;
V = conjunto das virtudes;
p¹ = proposição 1;
Assumo os símbolos para comparação de grandezas quantitativas (">" e "<") como comparações qualitativas. Dessa maneira, em vez de maior ou menor, leia-se melhor ou pior.
Demonstração:
p¹ = A>B
m → ~p¹
m → ~(A>B)
m∈V → A>B
m∈V → p¹
p¹ → ~m ⊢ m∈V → ~m (?!)
Conclui-se então que a modéstia é em si contraditória, meu povo. E assim, afirmando que é pior, prova o modesto a sua superioridade!
Pietro Borghi
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Rebeldia, demonstrada à maneira dos geômetras.
Demonstração A:
I. Por rebeldia, entendo todo ato social de negação a um estado de coisas na realidade societária. Rebelde, por sua vez, é todo aquele que pratica a rebeldia.
II. Sendo o status quo social reprovado pelo rebelde, infere ele que o mecanismo de julgamento dessa realidade societária sobre seus integrantes é falho, pois gera o próprio status quo contra o qual ele se rebela.
III. Sendo esse mecanismo falho, o julgamento dele resultante sobre o rebelde em questão provavelmente também é.
Corolário:
Segue-se então que qualquer fracasso pode não resultar de uma incapacidade do rebelde, mas do sistema. O rebelde seria uma vítima da inépcia do sistema em visualizar seu valor. Q.E.D.
Demonstração B:
I. Assumam-se as proposições I, II e III da demonstração A.
II. Se o julgamento sobre o rebelde provavelmente é falho, significa que há alguma possibilidade de que ele seja correto.
Corolário:
Segue-se que, no caso de êxito social do rebelde, esse conclui que prevaleceu graças a um julgamento correto do sistema, que reconheceu suas capacidades e de maneira justa o promoveu. Q.E.D.
Pronto! Agora, quando me perguntarem por que sou rebelde, tenho uma resposta puramente racional.
Pietro Borghi
I. Por rebeldia, entendo todo ato social de negação a um estado de coisas na realidade societária. Rebelde, por sua vez, é todo aquele que pratica a rebeldia.
II. Sendo o status quo social reprovado pelo rebelde, infere ele que o mecanismo de julgamento dessa realidade societária sobre seus integrantes é falho, pois gera o próprio status quo contra o qual ele se rebela.
III. Sendo esse mecanismo falho, o julgamento dele resultante sobre o rebelde em questão provavelmente também é.
Corolário:
Segue-se então que qualquer fracasso pode não resultar de uma incapacidade do rebelde, mas do sistema. O rebelde seria uma vítima da inépcia do sistema em visualizar seu valor. Q.E.D.
Demonstração B:
I. Assumam-se as proposições I, II e III da demonstração A.
II. Se o julgamento sobre o rebelde provavelmente é falho, significa que há alguma possibilidade de que ele seja correto.
Corolário:
Segue-se que, no caso de êxito social do rebelde, esse conclui que prevaleceu graças a um julgamento correto do sistema, que reconheceu suas capacidades e de maneira justa o promoveu. Q.E.D.
Pronto! Agora, quando me perguntarem por que sou rebelde, tenho uma resposta puramente racional.
Pietro Borghi
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Barbeador Psicológico
O homem observou. Observou as ruas, as pessoas nelas, suas feições, estilos, maneiras, trato. E viu homens soberbos de rostos limpos, pele nua de fios. E lembrou da revelação anterior: ali havia com certeza um bom barbeiro. Crendo nisso, foi o homem se informar. Perguntou aos de barba bem feita, quem era o responsável por elas. Quem? Decepcionou-se. Um mostrava-lhe um barbeador elétrico, outro um aparelho manual, espuma, navalha. Todos dispensavam barbeiros; eles não existiam. Faziam suas barbas com habilidade sua aqueles que as queriam bem feitas; e inventaram, por próprio engenho e perícia, ferramentas para isso.
Refletiu então novamente o homem. Teve que se conformar com a ideia de que ali, o que barbeava o homem era criação dele mesmo. Que ferramentas eram só ferramentas, artefatos, feitos, pensados e materializados pelo homem; e alguns somente pensados. Somente pensados.
Pietro Borghi
Refletiu então novamente o homem. Teve que se conformar com a ideia de que ali, o que barbeava o homem era criação dele mesmo. Que ferramentas eram só ferramentas, artefatos, feitos, pensados e materializados pelo homem; e alguns somente pensados. Somente pensados.
Pietro Borghi
sábado, 18 de dezembro de 2010
Don't faint!
To avoid guilt for improductivity, I'll post something here. Not my work, but interesting nonetheless.
http://www.ted.com/talks/lang/eng/ken_robinson_says_schools_kill_creativity.html
http://www.ted.com/talks/lang/eng/sir_ken_robinson_bring_on_the_revolution.html
http://www.ted.com/talks/sugata_mitra_the_child_driven_education.html
Posted! Educate yourselves about education, people.
Pietro Borghi
http://www.ted.com/talks/lang/eng/ken_robinson_says_schools_kill_creativity.html
http://www.ted.com/talks/lang/eng/sir_ken_robinson_bring_on_the_revolution.html
http://www.ted.com/talks/sugata_mitra_the_child_driven_education.html
Posted! Educate yourselves about education, people.
Pietro Borghi
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Comiserai-vos dos pobres burgueses!
Ganhei de presente este e-mail — solstício de verão adiantado. Logo depois há um leve comentário.
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KIT DO BRASILEIRO
*Vai transar?*
O governo dá camisinha.
*Vai transar?*
O governo dá camisinha.
*Já transou?*
O governo dá a pílula do dia seguinte.
O governo dá a pílula do dia seguinte.
*Teve filho?*
O governo dá o Bolsa Família..
*Tá desempregado?*
O governo dá Bolsa Desemprego.
*Vai prestar vestibular?*
O governo dá o Bolsa Cota.
*Não tem terra?*
O governo dá o Bolsa Invasão e ainda te aposenta.
O governo dá o Bolsa Família..
*Tá desempregado?*
O governo dá Bolsa Desemprego.
*Vai prestar vestibular?*
O governo dá o Bolsa Cota.
*Não tem terra?*
O governo dá o Bolsa Invasão e ainda te aposenta.
*RESOLVEU VIRAR BANDIDO E FOI PRESO?*
a partir de 1º/1/2010 O GOVERNO DÁ O AUXÍLIO RECLUSÃO?
*esse é novo*
Todo presidiário com filhos tem direito a uma bolsa que, é de R$798,30 "por filho" para sustentar a família, já que ocoitadinho não pode trabalhar para sustentar os filhos por estar preso.
Não acredita?
Confira no site da Previdência Social.
Portaria nº 48, de 12/2/2009, do INSS
(http://www.previdenciasocial.gov.br/conteudoDinamico.php?id=22)
*Mas experimenta estudar e andar na linha pra ver o que é que te acontece!*
*esse é novo*
Todo presidiário com filhos tem direito a uma bolsa que, é de R$798,30 "por filho" para sustentar a família, já que ocoitadinho não pode trabalhar para sustentar os filhos por estar preso.
Não acredita?
Confira no site da Previdência Social.
Portaria nº 48, de 12/2/2009, do INSS
(http://www.previdenciasocial.gov.br/conteudoDinamico.php?id=22)
*Mas experimenta estudar e andar na linha pra ver o que é que te acontece!*
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Governo assistencialista, né não? Pois claramente é um crime manter vagabundos ganhando o Bolsa-Família, em vez de lhes entregar ao vampirismo dos empresários. Nada de Bolsa-Esmola; o correto é o Salário-Esmola. Apertem os parafusos da TV que vale quatro salários seus; instalem a pastilha de freio do carro que jamais terão; cortem a cana que locomove os seus exploradores. Isso sim é justiça! (ou seria, não fosse o desemprego condição necessária para o exercício do poder oligárquico).
Pois e os sem-terra, corja baderneira e ilegal? Companheirada do governo! Acham que ninguém vê na televisão e nas revistas as depredações desses camponeses que pensam ter direito a meios de subsistência? Pois está sempre lá, coleguinhas, no Jornal Nacional, na Veja, no papelote (sacaram?) da família Frias — essa tão “frias” que me dá calafrios — e nas outras “miguxas midiáticas”.
A meritocracia, como tão despreparadamente acusam os detratores do capitalismo, não ocorre neste fofo sisteminha. Afinal, quem já nasce cheio de oportunidades não faz mais que a obrigação de prevalecer. Na piscina da sociedade plutocrática, uns nadam vestindo LZR Racer e outros vestindo roupas de palhaço. E nesse caso, caro burguês, o palhaço não é você.
domingo, 14 de novembro de 2010
Errata. Ou não.
Descobri que inverti os papéis na estorinha anterior. Aqui está a original: http://cljparoquiasaojose.blogspot.com/2010/07/o-barbeiro-e-deus_18.html.
Parece até que eu manipulei para privilegiar o meu ponto de vista. Parece? Isso não altera a moral da história, que ressalta o benefício de bondade infinita a todos aqueles que crêem no todo-poderoso. E isso acontece? Olhe para todos que acreditam no Senhor. Olhe para o percentual de crentes encarcerados. Olhe para o número de doentes que morrem não obstante a persistência na fé. Podem argumentar que lhes faltou uma colherada, mas só me contento quando inventarem um "pistisômetro" (precisei do neologismo agora; πίστης, pistis, significa fé em grego). E mesmo assim, fé em alguma coisa não prova a existência dela. Acreditar em unicórnios os torna mais prováveis?
Na prática, Deus é um barbeiro à la Sweeney Todd, cortando a garganta dos infelizes. Basta lembrar das ordens supremas que Josué recebeu: degola sem hesitação. Com a ressalva do cardápio, pois o Senhor não serve torta. Só churrasco.
Pietro Borghi
Parece até que eu manipulei para privilegiar o meu ponto de vista. Parece? Isso não altera a moral da história, que ressalta o benefício de bondade infinita a todos aqueles que crêem no todo-poderoso. E isso acontece? Olhe para todos que acreditam no Senhor. Olhe para o percentual de crentes encarcerados. Olhe para o número de doentes que morrem não obstante a persistência na fé. Podem argumentar que lhes faltou uma colherada, mas só me contento quando inventarem um "pistisômetro" (precisei do neologismo agora; πίστης, pistis, significa fé em grego). E mesmo assim, fé em alguma coisa não prova a existência dela. Acreditar em unicórnios os torna mais prováveis?
Na prática, Deus é um barbeiro à la Sweeney Todd, cortando a garganta dos infelizes. Basta lembrar das ordens supremas que Josué recebeu: degola sem hesitação. Com a ressalva do cardápio, pois o Senhor não serve torta. Só churrasco.
Pietro Borghi
sábado, 13 de novembro de 2010
Deus, o Barbeiro
Um homem (nessa parábola, o homem) foi ao barbeiro, requisitar o serviço óbvio. Como é comum nessas situações — nunca fui mas deve ser uma espécie de cabeleireiro heterossexual —, o homem e o profissional começam um diálogo profundo sobre o pênalti não marcado, o imbecil que fechou no trânsito (evitando o xingamento comum, é claro) e cada par de pernas femininas à vista. Com extrema leviandade, o homem levanta a questão: Deus existe? O educadíssimo barbeiro responde que deve existir, e que ele é supremamente bom, criador de todas as coisas, onipotente, onisciente, onipresente, onimaníaco, onívoro, oni, oni... qualifica o barbudo celeste ad nauseam.
— Olhe só pela janela. Vê que nas ruas há muitas pessoas com a barba mal-cuidada e desalinhada? Ainda assim estou aqui, e quem vier terá seu semblante tratado e asseado com os meus serviços. Não posso buscá-los todos, trazê-los e forçá-los a me aceitar.
O homem discorda de pronto, contestando como um deus tão bom poderia ter como obra a cruel e imperfeita realidade. O barbeiro, ainda educado, diz que as pessoas têm seu livre arbítrio para escolher encontrá-lo e se banhar na sua luz. Que depende tão-somente de cada pessoa obedecer sinhozinho Deus para ser feliz. E exemplifica com a sua profissão, afinal:
— Olhe só pela janela. Vê que nas ruas há muitas pessoas com a barba mal-cuidada e desalinhada? Ainda assim estou aqui, e quem vier terá seu semblante tratado e asseado com os meus serviços. Não posso buscá-los todos, trazê-los e forçá-los a me aceitar.
Assim se convence o homem de que Deus, se existe, tem razão em ficar parado num templo esperando a clientela, apesar da onipresença; em exigir orações e confissões, apesar da onisciência; em permitir o mal enquanto prefere o bem, apesar da onipotência.
Ouvi eu essa parábola, e ficou evidente que o barbeiro era Deus disfarçado, espalhando sua sabedoria sorrateiramente. Procurando um pouco mais fundo, fui saber o resultado do serviço divino no rosto do simpático personagem.
É isso que vemos. É isso que está do outro lado da janela, seja um santo ou um demônio. Não há distinção entre ímpios e crentes no grupo dos desgraçados. Não há ajuda ou castigo para quem acredita mais ou menos.
Por isso, eu mesmo faço a minha barba.
Pietro Borghi
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